17:50 Maxwell Palheta
A população japonesa passa por um de seus piores momentos em toda a história, desde a explosão da bomba atômica lançada sobre as cidades, Hiroshima e Nagazaki, pelos Estados Unidos.
Como senão bastasse as perdas materiais, a população neste momento encontra-se exposta à radiação nuclear. Milhares de pessoas deixaram a capital Tóquio nesta terça-feira e outros tantos permanecem isolados dentro de suas próprias casas.
Detector de radiação marca nível de contaminação maior do que o padrão perto de estação de trem de Shibuya, Tóquio
Foto: AP
O caos está instalado
Empresas retiraram seus funcionários de Tóquio, visitantes reduziram as férias e companhias aéreas cancelaram voos. A Administração de Aviação dos Estados Unidos informou que está se preparando para redirecionar rotas caso a crise nuclear se agrave.
Por causa do suposto risco, grande parte das empresas jornalísticas alemãs está retirando seus correspondentes do país ou os transferindo para cidades mais ao sul do Japão para afastá-los dos focos de radioatividade.
A revista "Focus" explicou que seu correspondente deixou o Japão coma família, e o grupo televisivo "RTL" informou que seus dois correspondentes na região foram para Osaka, a 500 quilômetros a sudoeste de Tóquio. A rede pública de rádio e televisão "ARD" também transferiu seu correspondente para Osaka, e a equipe especial enviada pela agência de notícias alemã "DPA" à região mais afetada pelo tsunami deve abandonar o Japão o mais rápido possível, enquanto os colaboradores do escritório permanente de Tóquio se transferem para o sul do país.
Já a rede de notícias "N24" e a revista "Der Spiegel" anunciaram que seus correspondentes vão permanecer por enquanto em Tóquio para acompanhar a evolução do desastre, mas que contam de maneira permanente com reservas em voos para abandonar o país quando for preciso.
Além disso, o Ministério de Relações Exteriores da Áustria decidiu nesta terça-feira transferir sua embaixada no Japão de Tóquio para Osaka. "Decidimos transferir a embaixada de forma temporária a Osaka, onde já há um consulado", disse o porta-voz Peter Launsky-Tieffenthal. "Há vários dias pedimos aos cidadãos austríacos para que abandonassem o nordeste do Japão e a área metropolitana de Tóquio", acrescentou.
Em Osaka, segundo ele, a infraestrutura e o fornecimento de energia elétrica não sofreram tantos danos, enquanto "o imprevisível quanto à evolução na situação nuclear" foi também um fator de peso para a mudança da delegação.
Aqueles que permaneceram na capital japonesa estocavam alimentos e outros suprimentos, temendo os efeitos da radiação, que levou pânico à cidade de 12 milhões de habitantes. No principal aeroporto da cidade, centenas se enfileiravam, muitas delas com crianças, para embarcar em voos deixando o país.
"Não estou muito preocupado com um outro terremoto. É a radiação que me assusta", disse Masashi Yoshida, enquanto segurava a filha de cinco anos no aeroporto de Haneda.
Turistas, como a americana Christy Niver, deram um basta. Sua filha Lucy foi mais enfática. "Estou apavorada. Estou tão apavorada que preferia estar no olho de um tornado", disse. "Quero ir embora."
A usina nuclear de Fukushima, afetada pelo tremor, está a 240 quilômetros a norte de Tóquio. Autoridades disseram que a radiação na capital do país estava dez vezes acima do normal à noite, mas não era o suficiente para prejudicar a saúde. Mas a confiança no governo está abalada, e muitas pessoas se preparam para o pior.
Muitas lojas não tinham mais arroz, um produto essencial no Japão, e as prateleiras que tinham pão e macarrão instantâneo estavam vazias.
Cerca de oito horas depois de novas explosões acontecerem na usina, a agência meteorológica da ONU informou que os ventos estavam dispersando o material radioativo para o oceano Pacífico, distante do Japão e de outros países da Ásia.
A Agência Meteorológica Mundial, sediada em Genebra, informou, no entanto, que as condições climáticas podem mudar. Alguns cientistas fizeram apelos para que a população de Tóquio mantenha a calma.
"O material radioativo chegará a Tóquio, mas ele é inofensivo ao corpo humano porque se dissipará até chegar a Tóquio", disse Koji Yamazaki, professor da escola de ciência ambiental da Universidade de Hokkaido. "Se o vento ficar mais forte, isso significa que o material voará mais rápido, mas também que dispersará ainda mais no ar."
Fonte: IG, Reuters, BBC e EFE
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